#EspalheEnergiaVerde: Conheça a história de Osvaldina e Rosalina

Published on quarta-feira, 15 dezembro 2021

Comunidade Quilombola do Tapuio

A força de uma história

Comunidade Quilombola do Tapuio, que teve a sua origem há cerca de 130 anos, foi o berço e a escola de Oswaldina e Rosalina. A comunidade é formada por cerca de 30 famílias, descendentes de ex-escravizados que trabalhavam nas fazendas de gado da região.  

Tudo começou em 1888, quando Dionísio, filho de Alexandre — escravizado em um engenho de cana-de-açúcar —, casou-se com Brígida, filha de negro e indígena.

Eles receberam um pedaço de terra dentro da fazenda e deram o nome de “Vista Alegre” à propriedade, no entanto, aquela área era ponto de passagem e acampamento dos indígenas conhecidos como tapuios, por isso, a terra foi rebatizada com o nome: “Tapuio”.  

Outros dois casais de ex-escravizados negros foram morar no Tapuio: o Sr. Antônio dos Santos e sua esposa, a Sra. Marilinha dos Santos; e Vicente Ferreira dos Santos e Tomaza Maria da Conceição, prima de Marilinha. Essas três primeiras famílias são consideradas as fundadoras da comunidade quilombola. 

Em uma área correspondente a 555 hectares, a comunidade mantém e atualiza as suas tradições. O Quilombo Tapuio possui o certificado de autorreconhecimento emitido pela Fundação Palmares e seu território está em processo de regularização no Incra. 

Osvaldina e Rosalina são filhas da comunidade do Quilombo do Tapuio e dedicam as suas vidas à preservação e representatividade os costumes de seu povo.

   “A comunidade quilombola não é um movimento que se cria, ela nasce das suas origens, da sua cultura, da sua identidade própria. Trata-se de uma comunidade feita por mulheres e homens negros, por isso, lutamos por tudo o que é nosso, material ou não, como a nossa resistência, religação e forma de cultura”.

Osvaldina - Comunidade Quilombola do Tapuio

Osvaldina e Rosalina dos Santos

Aos 23 anos, Osvaldina assumiu a liderança do grupo de jovens da igreja que frequentava. Além das inúmeras atividades voltadas ao sagrado, o grupo de jovens realizava diversas ações sociais, pensando sempre na preservação de direitos, cultura e bem-estar da comunidade. 

Assim como a sua irmã, Rosalina também notou sua inclinação para os trabalhos sociais na Igreja. Embora ela também tivesse forte participação nas atividades da pastoral, ela sabia que deveria ir além. Foi quando começou a participar de reuniões que discutiam diversas pautas, como política e a questão racial. Inquieta, Rosalina percebeu que deveria levar esse e outros assuntos para dentro da comunidade.  

“O quilombo é um lugar de energia muito forte, cheio de ancestralidade que nos motiva e sustenta”. 

Rosalina considera que as comunidades quilombolas do Brasil são as maiores preservadoras do meio ambiente, onde tudo o que é plantado e colhido é digno de respeito.  

Osvaldina alegra-se ao dizer que as atividades agrícolas na comunidade são realizadas nas roças familiares, onde eles cultivam feijão, batata-doce, milho, abóbora e melancia.

Voltada para o consumo próprio, a criação de animais é feita nos quintais das casas. 

 

Novos ares para Queimada Nova

Rosalina lembra que durante muito tempo Queimada Nova foi considerada uma região muito pobre do semiárido, onde tudo era de difícil acesso. O município não tinha desenvolvimento e as ofertas de emprego eram quase inexistentes, por isso, o êxodo rural era crescente.  

No entanto, o município sempre contou com dois ricos recursos: o sol e o vento.  

“Inicialmente não conseguimos entender como aquela grande obra poderia beneficiar o município. Hoje, Queimada Nova é uma fonte de geração de emprego e renda. O êxodo rural diminuiu e muitas pessoas que foram à São Paulo em busca de oportunidades, voltaram para cá”.  

A chegada do Complexo Eólico Lagoa dos Ventos, além de trazer “novos ares” e um grande avanço à região, garantiu às comunidades quilombolas que os seus costumes e tradições jamais seriam desrespeitados.

“No dia em que a Enel fez a apresentação do empreendimento, estávamos muito preocupados com a manutenção de nossos costumes e tradições. Compartilhamos com eles todos os nossos sentimentos, medos e anseios. Eles nos deram total segurança de que jamais a nossa tradição seria destruída”.  

Parque Eólico Lagoa dos Ventos

Sabendo de todo o poder de transformação do empreendimento, a Enel, por meio de cursos e seminários, explicou à comunidade local a importância da obra que estava sendo construída na região.   

Sempre preocupada com a comunicação entre empresa e comunidade, a companhia escolheu um representante que pudesse transmitir os verdadeiros anseios e necessidades da população local: 

“A nossa cultura, nossos costumes e o nosso jeito de ser é diferente. Por isso, pedimos à Enel que trouxesse alguém com vivência nas comunidades quilombolas para conversar com a gente, e assim foi feito”.  

Diversas ações já chegaram até a Comunidade Quilombola do Tapuio, como, por exemplo, equipamentos de escritório, acesso à internet, técnicas e equipamentos para despolpar frutas, treinamentos e cursos de manejo de animais e aprimoramento genético, entre outros. 

 

ENEL